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Dicas para a Prova Discursiva do Cespe/UnB

Toque de Mestre 16 – Discursivas do Cespe – Tema específico: resposta fácil, organização complicada. – Profa. Júnia Andrade Viana (profajunia@gmail.com) – Face: profajunia – Autora do livro Redação para Concursos Públicos (Ed. Ferreira)

 04/06/2014

Geralmente, quando o Cespe ou a ESAF resolvem pedir prova discursiva com abordagem de conhecimento específico, previsto nos programas dos editais, o sofrimento do concurseiro não está exatamente em saber a resposta correta para atender o tema.

Na verdade, esse sofrimento se concentra na forma como a resposta correta é levada ao examinador. Estou falando, com isso, exatamente do potencial informativo de cada candidato: a facilidade em organizar ideias e a composição de informações claras e bem fundamentadas.

Para quem ainda não compreendeu bem, o que temos é o seguinte: normalmente, o Cespe ou a ESAF apresentam temas considerados fáceis, mas a forma de construir a resposta é que traz dúvidas quanto à organização de ideias.

E o que se quer com isso?

As bancas sabem que candidatos conhecedores dos assuntos propostos por elas existem aos montes. Mas candidatos preparados para tornar o assunto compreensível a qualquer leitor é coisa rara de se encontrar. Então, como estamos em concurso público cuja meta é propor desafios que realmente sejam seletivos, as bancas escolhem caminhos que lhes proporcionem essas escolhas e que atendam algum propósito dos concursos – nesse caso, o da publicidade. Portanto, o foco avaliativo, por exemplo, no Cespe é centrado no cumprimento dos quesitos objetividade, clareza, fundamentação e precisão da linguagem.

Mas vamos sair do blablabá para a apresentação de algo mais concreto.

Tomemos, então, um dos temas do Cespe em 2013. Este foi feito para a prova de um dos cargos do TRT da 10º Região: “PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA”.

Aspectos que deveriam ser tratados no tema:

  1. Nominar os princípios constitucionais expressos da administração pública.
  2. Descrever o significado de cada um dos referidos princípios constitucionais.

Pessoal, veja que esse tema é bem simples, pois quem estuda as noções dos direitos constitucional e administrativo entra em contato com tais princípios administrativos.

Então, está provado que o problema não está em se conhecer a resposta. A banca realmente traz, na maioria dos concursos, temas bem fáceis. O obstáculo está, então, na forma como o candidato raciocinará meios eficazes de organizar seu texto.

Então, vamos à compreensão do que seria organizar eficazmente um texto.

Primeiramente, jogue no lixo a velha concepção de se fazer uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão. Não estou querendo dizer que um texto não opere essas partes, mas estou atacando a forma como as pessoas entendem o que seria, por exemplo, introdução e conclusão.

Portanto, o primeiro passo a ser dado em concurso público é se livrar da ideia fixa, paradigmática, que temos sobre essas partes. Chutando um percentual, tenho observado que em 90% dos casos o entendimento dessas partes textuais é bem equivocado.

Nesse concurso do TRT da 10ª, feito em 2013, o Cespe pediu uma redação tradicional (entre 20 a 30 linhas). Notem que na composição do enunciado temos o tema central seguido de dois aspectos que, obrigatoriamente, devem constar na redação.

Então, vamos apresentar aqui alguns “comportamentos organizacionais” discursivos que me foram questionados após o referido concurso.

Após resumir os procedimentos dos candidatos cujos relatos vou reunir em grupos (CANDIDATOS A, B, C…), vou apresentar meu ponto de vista sobre cada um deles:

CANDIDATO A

Divide seu texto em três parágrafos cada qual com a seguinte descrição:

1º parágrafo: faz uma abordagem introdutória, com destaque para a importância dos princípios constitucionais expressos (aborda o tema central).

2º parágrafo: enumera os princípios constitucionais expressos, para cumprir o pedido de “nominação” do tópico A.

3º parágrafo: explica cada um dos princípios citados no parágrafo anterior.

Interessante, mas o CANDIDATO A provavelmente perderá 0,5% dos pontos em Apresentação (o Cespe avalia o aspecto visual do texto).

Isso ocorrerá pelo seguinte motivo: como o aspecto B será abordado integralmente no terceiro parágrafo, provavelmente esse parágrafo ficará maior que os anteriores. Seria, por exemplo, destinar um conjunto de 5 linhas para cada um dos primeiros, porque não há muito assunto a ser estendido nas primeiras abordagens, e o terceiro parágrafo abrangeria quase vinte linhas.

Sem dúvida alguma, haveria, pelo menos, perda na nota de Apresentação.

CANDIDATO B

Divide seu texto em sete parágrafos cada qual com a seguinte descrição:

1º parágrafo: aborda a importância dos princípios administrativos expressos.

2º parágrafo: Enumera os princípios administrativos para cumprir o tópico A.

3º, 4º, 5º, 6º, 7º parágrafo: em cada parágrafo descreve, separadamente, cada princípio.

Tudo bem. Seria uma construção óbvia, mas o candidato deve pensar o seguinte: será que fazer uma introdução não significaria, pelo limite de 30 linhas, comprimir o espaço que poderia ser destinado ao cumprimento da descrição dos princípios, conforme pede o aspecto B?

Digo isso, porque o texto ficaria muito fragmentado para não se estender além das 30 linhas. Se esse número de linhas fosse dividido entre os sete parágrafos, correríamos o risco de ter parágrafos muito pequenos – cerca de quatro linhas cada –, o que poderia evidenciar para o examinador que o assunto foi, em muitos casos, citado, ou seja, não houve aprofundamento teórico, porque o candidato perdeu espaço, ao compor uma parte introdutória não pedida no tema.

CANDIDATO C

Divide seu texto em seis parágrafos cada qual com a seguinte descrição:

1º parágrafo: enumera os princípios e sintetiza sua importância.

2º, 3º, 4º, 5º e 6º parágrafos: descreve em cada parágrafo os princípios enumerados no primeiro parágrafo, citando exemplos de seu enquadramento na administração pública.

Essa divisão me pareceu a mais racional e eficiente de todas pelo seguinte motivo: já no primeiro parágrafo, o CANDIDATO C cumpre o tópico A e, somente depois disso, ainda no primeiro parágrafo, faz uma pequena síntese da importância desses princípios.

Mas aí algum de vocês me pergunta: “Júnia, não seria correto ele explicar a importância desses princípios, ou seja, conceituá-los para somente depois nominá-los?”

Essa parece realmente ser a melhor postura para o texto. Mas, vejamos o seguinte: temos uma “encomenda textual”. Não temos um tema livre, aberto, para o qual poderíamos propor uma estrutura mais linear.

A banca quer a nominação desses princípios. Ela não pediu conceitos ou importância. Sendo assim, como bom concorrente que sou, vou cumprir primeiro o pedido da banca e, em seguida, para desenvolver o parágrafo eu incluirei um conceito ou uma importância, já que são elementos resumidos, ou seja, eu não estou perdendo tempo ou espaço textual com assunto não pedido no tema. Mas estou abordando algo ainda pertinente a ele, sem, contudo, passar com minha abordagem complementar à frente do que a banca pediu.

Insisto nisto: a resposta foi construída com o máximo de objetividade possível, sem deixar de desenvolver o texto.

Quanto aos parágrafos seguintes: notemos a preocupação do candidato em descrever, separadamente, cada princípio e em fundamentar esses princípios, acrescentando exemplos para cada um deles.

Qual a importância substancial disso?

Quer dizer que ele manifesta preocupação em ser compreendido, ou seja, ele atende o princípio textual da clareza, já que ele quer ilustrar o que escreveu. Maravilha de composição!

E notemos que seis parágrafos podem promover uma divisão interessante de linhas: cerca de cinco linhas parágrafos aproximadamente gastas com cada parágrafo.

Vejam que não estou defendendo que cada parágrafo tenha exatamente cinco linhas. Estou dizendo que essa divisão nos ajuda a concentrar mais linhas por parágrafo, sem grandes extensões ou sem muita fragmentação de ideias.

CANDIDATO D

Divide seu texto em sete parágrafos com as seguintes descrições:

1º parágrafo: explica o que são princípios administrativos expressos e o que são princípios administrativos implícitos.

2º parágrafo: nomina, para cumprir o tópico A, os princípios expressos.

3º, 4º, 5º, 6º e 7º parágrafos: em cada parágrafo descreve os princípios enumerados no segundo parágrafo.

Bom, este candidato optou por uma divisão de parágrafos que, conforme já expliquei, poderá fragmentar demais o texto.

Além disso, ao abordar na pouco desejada introdução um paralelo entre os princípios expressos e os implícitos, ele já sai um pouco do que o examinador pediu a ele no tema. Portanto, não é uma escolha, se comparada às demais, tão interessante assim.

Ademais, ele falará brevemente sobre princípios implícitos, sem poder cumprir integralmente o paralelo proposto, visto que terá de dedicar o pouco espaço da redação à explicação sobre os princípios expressos.

O segundo parágrafo, por sua vez, cumpre bem o papel pedido, mas ele poderá morrer na mera enumeração, sem desenvolver qualquer texto.

Lembro a vocês que banca nenhuma gosta de enumeração vazia, embora elas peçam constantemente enumerações. Nos parágrafos seguintes, o candidato descreve cada princípio, mas ele corre o risco de desenvolver uma teoria breve sobre eles, sem qualquer desenvolvimento que vise aclarar mais o discurso. Afinal, não haverá linhas sobrando para isso.

CANDIDATO E

Divide seu texto em sete parágrafos com as seguintes descrições:

1º parágrafo: conceitua os princípios administrativos expressos e os enumera para cumprir o tópico A.

2º, 3º, 4º, 5º, 6º parágrafos: em cada parágrafo descreve os princípios enumerados no primeiro parágrafo.

7º parágrafo: faz uma conclusão na qual resume a importância dos princípios administrativos e os reitera.

O CANDIDATO E é o típico candidato preocupado com aquelas três partes do texto (introdução, desenvolvimento e conclusão). Ele quer tanto cumprir essas três partes, que não consegue se desvencilhar dessa ideia e, com efeito, não raciocina uma estruturação mais interessante para cumprir as tarefas pedidas pela banca.

No 1º parágrafo, ele até cumpre o tópico A. Mas ele está tão centrado na ideia de fazer uma introdução, que, primeiramente, por sua conta e risco, conceitua os princípios administrativos para depois cumprir o pedido do tópico A.

Nos parágrafos do “desenvolvimento”, vamos entender assim, ele explica cada um dos princípios. Vale lembrar aqui que haverá pouco desenvolvimento do assunto, já que não há espaço para exemplificá-los devidamente.

Temeroso, ele ainda quer construir uma conclusão para “amarrar” as ideias. Mas essa conclusão, veja bem, num texto sobre assunto específico, traz uma repetição indesejada, já que não há muita saída para se reiterarem as ideias com vocabulário sinonímico. Não há como substituir, por exemplo, o nome dos princípios. Sendo assim, o texto cai em circularidade, palavrinha sempre presente na maioria das avaliações de provas discursivas.

Amigos, a questão é a seguinte: não existe uma forma única para se construir um texto. Várias dessas estruturações podem até conseguir notas excelentes, a depender da forma como os concorrentes deste concurso se comportaram na construção da estrutura de suas discursivas.

O que é preciso fazer é raciocinar formas de se escrever com objetividade, com precisão e com clareza, sem perder a qualidade textual.

O candidato, numa prova para concursos, precisa avaliar seu entorno, imaginar o que os caminhos pelos quais os colegas optariam para desenvolver a redação. Com isso, ele deve planejar os parágrafos, esboçar umas três saídas para ter opções de escolha e pensar formas de fugir ao senso comum das construções para atender a banca pontualmente.

E reitero, por fim, que a palavra de ordem, para quem quer ser aprovado, nesse momento das discursivas que versam sobre conhecimentos específicos é a OBJETIVIDADE.

Portanto, sejamos práticos e desenhemos uma concepção de estrutura textual capaz de atender, sem excessos ou sem diminuições, o que banca quer do nosso conhecimento.

Boa prova!

– Profª.: Júnia

Fonte: site da Editora Ferreira por Saga Policial

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