Operação Afronta II: Gabaritos de provas eram negociados em até R$ 70 mil, diz investigação da Polícia Federal. Uma pessoa foi presa durante a ação policial, e liberada em seguida após prestar esclarecimentos na sede da Polícia Federal, em Maceió. Quadrilhas desarticuladas são boas notícias para candidatos que estudam para passar honestamente em um concurso público.
19/09/2017
O gabarito da prova do concurso do Tribunal Regional do Trabalho de Alagoas (TRT-AL), realizado em 2013, era negociado de R$ 5 até R$ 70 mil, dependendo do cargo.
A informação sobre o esquema de fraude em concurso público foi repassada, na manhã de ontem, segunda-feira (18), pelo delegado da Polícia Federal em Alagoas, Daniel Silvestre, após a realização da operação Afronta II, da Polícia Federal.
Na ocasião, uma pessoa foi presa durante a ação policial, e liberada em seguida, após prestar esclarecimentos na sede da Polícia Federal, em Maceió. A operação Afronta II foi deflagrada em São Paulo, Campinas, Sorocaba e Maceió.
Quatro pessoas foram conduzidas coercitivamente [quando a pessoa é convidada para prestar esclarecimentos] à PF.
Em Alagoas, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão, três de condução coercitiva e um mandado de prisão nas cidades de Maceió, Marechal Deodoro, União dos Palmares e Arapiraca.
De acordo com o delegado da PF, Daniel Silvestre, a primeira fase da operação aconteceu em 2015, quando pelo menos cinco pessoas foram presas suspeitas de participarem de uma organização criminosa que fraudava concursos públicos no Brasil. A quadrilha é suspeita de fraudar mais de 40 concursos no país.
“Nessa segunda fase da operação Afronta nós buscamos as pessoas que contrataram os serviços da quadrilha para que tivessem a aprovação. Através de pontos eletrônicos e de outros equipamentos as informações eram repassadas aos candidatos que compravam o serviço dessa quadrilha”, esclarece Silvestre.
Ainda segundo o delegado, caso seja comprovado a compra da prova, os candidatos que foram nomeados podem perder o cargo e aqueles que não foram serão excluídos do concurso público.
Além disso, a pena para candidatos que compraram provas de concursos públicos é de 1 a 4 anos.
Como o esquema funcionava
Segundo a Polícia Federal, a organização criminosa utilizava pontos eletrônicos para enviar as respostas das provas. Em 2015, durante a Operação Afronta I, pelo menos cinco pessoas foram presas suspeitas de participação no esquema.
Conforme a investigação na época, nove pessoas integravam a quadrilha. Quatro delas ficavam responsáveis por desviar as provas do concurso e outros três para corrigir os cadernos de questões e enviar as respostas aos candidatos através do ponto eletrônico.
O inquérito havia sido instaurado ainda em 2015, durante a Operação Afronta I. Entre os concursos fraudados pela quadrilha estava o concurso do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Outros concursos, além do TRF da 3ª Região podem ter sido fraudados, segundo a PF.
Na tentativa de descobrir quais entraram na linha dos fraudadores, a PF solicitou à Fundação Carlos Chagas, FCC, informações referente a outros concursos pelos quais os fraudadores foram listados na relação de inscritos.
Além disso, o Sistema de Prospecção e Análise de Desvios em Exames, software desenvolvido pela PF, constatou através de uma perícia feita nos gabaritos que pelo menos 47 candidatos estavam envolvidos, alguns deles foram habilitados no concurso e até empossados nos cargos.
“A quadrilha tinha pessoas que iam fazer as provas, que eram inscritas, e obtinham informação sobre o caderno de provas. Havia uma outra equipe que fazia a correção dessas provas e através de pontos eletrônicos e outros equipamentos as informações eram repassadas a candidatos que compravam o serviço da quadrilha”, explicou um Delegado da PF.
Cespe/Cebraspe é alvo de investigação policial que apura fraudes em concursos
No mês passado, o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe/Cebraspe), uma das bancas mais temidas entre os que estudam para Concursos, passou a ser investigado pela Polícia sob a suspeita de fraudes em Concursos Públicos. A Operação “Panoptes” prendeu quatro pessoas.
Em nota, o Cespe informou que “está acompanhando a investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), fornecendo todo o apoio necessário à investigação e é o maior interessado em esclarecer os fatos”.
Fonte: G1, por Saga Policial.
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